Fernanda Delborgo Abra foi uma dos três jovens premiados de um total de 125 participantes mundiais que realizam projetos de conservação da natureza
Fernanda Abra em Ecoduto na Argentina
A egressa do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Sagrado Coração (USC), Fernanda Delborgo Abra recebeu o prêmio Future for Nature 2019, prestigiada premiação internacional que reconhece conquistas de proteção à natureza. Foi gratificada com 50.000 euros, que equivalem a mais de duzentos de mil reais, quantia que deve ser utilizada para um projeto de conservação ambiental. Abra apresentará seu trabalho no evento de premiação na Holanda, em Maio deste ano.
Desde primeiro ano de graduação, a bióloga iniciou estágios em diferentes organizações de Bauru, além de realizar projetos de iniciação científica. Durante o estágio no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Bauru, trabalhou no licenciamento da duplicação da Rodovia SP-225, da concessionária de rodovias do estado de São Paulo. “Nesta oportunidade, tive meu primeiro contato com Ecologia de Estradas e lembro de ter ficado espantada com o número de animais mortos por atropelamentos nos registros da concessionária”, comenta.
Após isso, o IBAMA tomou a iniciativa de recomendar passagens de fauna e cercas condutoras para animais nesta rodovia e, a partir daí, a egressa se interessou em saber se os animais realmente utilizavam as estruturas e iniciou o mestrado com o propósito de monitorar 10 passagens de fauna na rodovia SP-225, entre os municípios de Dois Córregos e Itirapina, no qual obteve dois financiamentos internacionais. Atuou como Coordenadora dos Programas de Fauna do Rodoanel Norte, prestou consultorias especializada em Ecologia de Estradas, e em 2014 fundou sua própria empresa a ViaFAUNA, que administra com a sua sócia e amiga Dra. Paula Prist. Atualmente é Doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Ecologia Aplicada interunidades da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/ USP) e Centro de Energia Aplicada na Agricultura (Cena).
O Future for Nature (FFN) procura jovens que atuem com conservação ambiental que tenham uma combinação acadêmica, empreendedora, inovadora, mas principalmente que colocam “a mão na massa" pela preservação. Para o prêmio de 2019, 125 jovens de todo o mundo participaram do processo, que possuía critérios específicos para participação, 8 foram selecionados para a segunda fase e apenas três foram os vencedores: Abra, uma jovem da Índia e outro de Ruanda. O FFN tem um comitê de seleção internacional para escolher os finalistas, que são profissionais renomados e de destaque mundial na área. “Acredito que um dos pontos fortes para eu ter ganhado o prêmio foi a questão dos projetos de conservação que tenho atuado e os projetos que por meio da ViaFAUNA tenho implementado, esse talvez tenha sido o fator de desempate entre outros jovens excelentes que estavam comigo na segunda fase”, ressalta a bióloga.
A USC foi parte essencial para a formação e confirmação da carreia profissional escolhida, e por meio de docentes da época e amigos, a egressa possui lembranças positivas até os dias de hoje. “A universidade foi a porta de entrada para eu ter me encantado com a Biologia. Apesar de saber desde criança que gostaria de cuidar dos animais quando eu crescesse, o curso de Ciências Biológicas me deu a certeza que era essa a profissão a qual eu deveria seguir. Além disso, fiz amigos incríveis e uma rede de contatos muito especial que mantenho até hoje com os colegas da Universidade, muitos deles interessados sobre a Fauna e Conservação, e que são, atualmente, referências em suas áreas”, expõe.
Abra expressa sua felicidade, não só pelo reconhecimento da premiação, mas de pessoas comuns, que não estão ligadas à pesquisa, ativismo ambiental ou conservacionismo, e enviam mensagens de apoio e incentivo. “Isso me faz pensar que a notícia do prêmio é um refresco em meio a tantas notícias ambientais ruins que, atualmente, temos no país. Acho que os brasileiros merecem receber boas notícias em todas as áreas com maior frequência”, evidencia.
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