Incentivados pelo Projeto de Extensão Identidade Araribá, promovido pela instituição, 3 indígenas conquistaram o sonho do diploma
Patricia Lipu e Ivone Eloi de Lima
A Universidade do Sagrado Coração (USC) encerra a temporada de formaturas 2019 com conquistas importantes, dentre elas a do diploma por 3 indígenas das aldeias de Avaí – SP. Graças a bolsas concedidas pela USC com o objetivo de favorecer o acesso da população indígena ao ensino superior, bem como sua permanência e formação, mais de 400 pessoas já se beneficiaram de forma direta.
Dentre os 3 indígenas formados através do Projeto Identidade Araribá, estão Patricia Lipu e Ivone Eloi de Lima, que participaram da Sessão Solene de Colação de Grau do curso de Pedagogia no dia 15 de janeiro. Ambas escolheram o curso devido à carência de professores com graduação na Aldeia Indígena Tereguá, onde vivem 35 famílias das etnias Terena e Tupi-Guarani e onde residem. Além disso, elas se identificavam com o curso e sonham, futuramente, auxiliar no aprendizado dos alunos da sua comunidade. “Essa conquista que eu tive é um bem maior não só para mim, mas para minha família e comunidade indígena Tereguá. Posso dizer que eu sou vencedora!”, comenta Lipu.
A Pedagogia pode contribuir de modo efetivo nas comunidades indígenas, a partir da formação de pedagogos nativos das próprias aldeias, permitindo assim uma maior identificação dos alunos com o professor e um ensino que leve em consideração os hábitos e a cultura indígena. “Um pedagogo indígena ao absorver os conteúdos na Universidade pode aprofundar, trabalhar e desenvolver técnicas específicas para a cultura indígena. O olhar dele pode ser um diferencial na própria aldeia,” expõe o Prof. Dr. Carlos Eduardo Candido Pereira, coordenador do curso de Pedagogia da USC.
Todavia, não apenas a comunidade indígena obtém ganhos na formação de integrantes das aldeias, mas a Universidade também, uma vez que é possível a troca de vivências e aprendizados de duas realidades diferentes. Para Lipu e Lima, os sonhos não param por aí, elas desejam continuar os estudos através da pós-graduação. “Temos que estudar, ir em busca de conhecimento, para que possamos lutar cada vez mais pelos nossos direitos. Somos capazes e podemos ter qualquer profissão que jamais deixaremos de ser indígenas”, ressalta Lima.
O Projeto Identidade Araribá tem grande aceitação na comunidade indígena, tanto que no vestibular 2019 que aprova candidatos com interesse de iniciar os estudos neste ano, 18 indígenas prestaram a prova e dos que foram aprovados, 5 já estão com vaga de bolsas integrais garantidas para iniciar a graduação. Para o coordenador do projeto, Prof. Me Cleiton José Senem, que também é coordenador do curso de Psicologia, “a Universidade oferecendo esse espaço e oportunidade de graduação em diversos cursos, contribui diretamente nas necessidades das comunidades indígenas, que necessitam de profissionais das mais diversas áreas para suprir as necessidades da própria comunidade”, ressalta.
© 2024 | UNISAGRADO. Todos os direitos reservados.