Benéfico ao solo e à saúde humana, projeto intensifica o uso de resíduos sólidos, produzidos pelo próprio agricultor, para adubação
Já imaginou poder criar uma usina de compostagem com o lixo orgânico produzido e utilizar esses resíduos para produção de alimentos saudáveis (fertilização do solo, que gerará alimentos) para consumo? Foi pensando nesses preceitos que o Prof. Dr. Thomaz Figueiredo Lobo e a mestranda Angela Braga Franzolin, ambos do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental, da Universidade do Sagrado Coração (USC), desenvolveram, de 2015 até este mês, um projeto focado em problemas ambientais, principalmente os ligados ao destino dos resíduos sólidos orgânicos na natureza.
O projeto é a dissertação de mestrado Angela, que leva o nome “Produção e nutrição mineral da alface e beterraba sob adubações mineral, orgânica e biodinâmica”, e foi realizada no Centro de Progressão Penitenciária “Prof. Noé Azevedo” (CPP III), de Bauru. O trabalho mostra a importância do aproveitamento dos resíduos orgânicos na agricultura, funcionando como um fertilizante orgânico, evitando assim o uso de fertilizantes químicos e, consequentemente, os agrotóxicos.
Angela escolheu o CPP III por ser um local que gera vários tipos de resíduos orgânicos reaproveitáveis, como por exemplo, o seu restaurante que faz três mil refeições por dia. “Lá no CPP III também pude encontrar o espaço e a mão-de-obra necessária e, por outro lado, ajudamos os reeducandos a conhecer uma nova consciência de reuso dos materiais orgânicos que, na maioria das vezes, são descartados incorretamente na natureza”, diz.
O trabalho foi realizado em etapas. Primeiramente foi feito o levantamento dos resíduos do local e a caracterização desses resíduos, importante para determinação das quantidades a serem utilizadas. Depois, decomposição dos resíduos, processo de compostagem, que leva, em media, de 60 a 90 dias. A quantidade correta dos tipos de resíduos orgânicos usados, o controle de temperatura, umidade e a aeração são fundamentais para que haja essa transformação e a produção do fertilizante.
Além disso, no mesmo experimento foi testado a influência dos Preparados Biodinâmicos, que servem como catalizadores em um dos processos de compostagem e adubação convencional, que utiliza fertilizantes químicos na produção. No final, foi possível fazer uma comparação entre os plantios.
Professor e mestranda perceberam que as verduras que cresceram com o fertilizante orgânico e, principalmente, com o biodinâmico foram muito mais produtivas e nutricionalmente melhores que as produzidas com fertilizante químico. “A fertilização utilizando compostos orgânicos é ?amiga? da natureza, uma vez que não agride e evita que pragas se instalem na plantação, diferente da outra forma, que exigi uso de agrotóxicos, contaminando o alimento e prejudicando a saúde do consumidor”, ressalta o professor.
A ideia agora, pós execução do projeto, é a de que o CPP III continue a realizá-la. “Eles já começaram a fazer compostagem para aproveitamento dos resíduos gerados no local, comenta Angela. Ainda, o trabalho pretende gerar mais frutos. “Quero levar esses resultados para que o município de Bauru consiga formar esse ciclo sustentável entre o meio urbano e rural, ou seja, todo resíduo orgânico que é gerado no meio urbano, volte à terra como fertilizante para nova produção de alimentos, assim, sucessivamente. A intenção é a de que ambos sejam sustentáveis e tenham a consciência da importância da preservação e do que o lixo pode fazer”, comenta Angela.
Thomaz não para por aí, o professor também quer continuar com projetos na área sustentável. “Em um futuro próximo, quero desenvolver algo relacionado à água de reuso para irrigação na agricultura. Mais um passo em prol da sustentabilidade”, finaliza.
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