Local é aberto ao público e tem o propósito de promover um encontro pessoal de devoção e fé
A Universidade do Sagrado Coração (USC) inaugurou o Espaço Madre Clélia Merloni, disponibilizado no setor Vivência entre os blocos B e C do câmpus, em comemoração à Beatificação da fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus (IASCJ), mantenedor da USC. Aberto ao público de segunda à sexta-feira, das 08h às 22h, é destinado à oração e foi abençoado pelo Padre Reinaldo Batista da Cunha.
O Espaço Madre Clélia Merloni foi projetado visando acolher os fiéis e proporcionar a propagação da espiritualidade de Madre Clélia Merloni e do Sagrado Coração de Jesus, por meio da entronização de quadros de ambos. Assim, a composição visual do local foi planejada para transmitir a sensação de acolhimento, fazendo com que haja a aproximação entre a devoção à Madre Clélia Merloni e dos fiéis que visitarem o local, tanto para um momento de entrega quanto para clamar por ajuda.
O local conta com símbolos de proteção que podem ser carregados por cada pessoa, fazendo com que os passos de Clélia Merloni e do Sagrado Coração guiem os visitantes e intercedam por eles, tais como: chaveiro, pingente, calendário, guia de orações e panfleto contando a história de Merloni, sobretudo o Milagre à ela atribuído. Também, ocasiona o sentimento de paz pela decoração com orquídeas brancas, símbolo do amor puro e eterno, a luz vermelha como representação do Santíssimo Sacramento e a presença de Jesus. Toda a parte externa é envolvido pela linha do tempo que conta a trajetória de vida e morte de Madre Clélia, desde seu nascimento e batismo até a Beatificação, assim como a presença das Irmãs Apóstolas no mundo, fruto da sua visão missionário. A localização do espaço no setor denominado "Vivência" sugere que cada visitante deve cultivar e fazer-se crescer na vivência com Madre Clélia.
Segundo a Pró-Reitora de Extensão e Ação Comunitária, Prof.ª M.ª Irmã Fabiana Bergamin, o espaço representa todo o carinho, respeito e admiração que a comunidade usqueana tem por Madre Clélia. “Neste ano da beatificação temos que descobrir e aprofundar muitos aspectos da vida de Clélia Merloni, uma mulher entusiasta, humilde, empreendedora e serviçal, de oração e de fé, que amava profundamente o Sagrado Coração de Jesus, a ponto de colocar toda sua esperança nele”, disse. Bergamin comenta, também, que o espaço foi projetado com o objetivo de proporcionar às pessoas um momento de oração com o Sagrado Coração de Jesus e Madre Clélia Merloni. “Tudo foi pensado com carinho. É um espaço aconchegante, onde os visitantes podem conhecer um pouco mais da vida e obra de Madre Clélia e também por meio de seus escritos aprofundar a espiritualidade ao Sagrado Coração de Jesus. Todos estão convidados a fazer uma visita para conhecê-los”, convida.
Sobre a Beatificação
Em 1988 abriu-se a causa de beatificação de Madre Clélia Merloni. Em dezembro de 2016, o Santo Padre Papa Francisco assinou o Decreto de Venerabilidade. Na sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos da Congregação para as causas dos Santos, ocorrida em 9 de janeiro de 2018, o milagre atribuído à intercessão de Madre Clélia foi reconhecido com voto positivo e unânime. O Papa Francisco aprovou e promulgou o milagre em 27/01/2018. Com este ato foi aberto o caminho para a Beatificação de Clélia. O último passo, por parte do Santo Padre, foi o estabelecimento da data para a Celebração, divulgada no último dia 10 de abril e confirmada para 03 de novembro de 2018.
Sobre o Milagre
O milagre que passou por minuciosa análise é brasileiro e teve início em 14 de março de 1951.
A história do milagre começa quando o médico brasileiro Dr. Pedro Ângelo de Oliveira Filho foi, repentinamente, atingido por uma progressiva paralisia dos quatro membros e foi hospitalizado, com urgência, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto. O diagnóstico foi de paralisia ascendente progressiva, chamada síndrome de Landry ou GuillainBarré. Em dias, a paralisia piorou para insuficiência respiratória aguda e atingindo a glote, causando grande dificuldade em engolir. O prognóstico era ruim, dada a gravidade da doença e os remédios da época insuficientes para a cura. Tanto que os médicos suspenderam os tratamentos e, em 20 de março, informaram a família que seria a última noite do paciente.
Dada a situação, Angelina Oliva, esposa, se encontrou com a Irmã Adelina Alves Barbosa para pedir orações. A religiosa deu-lhe uma novena de Madre Clélia, com uma foto contendo um pedaço do tecido do véu que ela usava. Irmã Adelina, juntamente com Angelina, seus filhos e outros parentes começaram a rezar. Irmã Adelina aproximou-se do paciente e deu-lhe água, onde colocou a pequena relíquia. O paciente estava muito doente, mas conseguiu engolir um pouco daquela água. Depois de alguns minutos perceberam que ele conseguia engolir e não perdia mais a saliva. Irmã Adelina tentou dar-lhe uma colher de água e ele bebeu, depois colocou dois dedos de água num copo e fez com que ele bebesse. Por último, colocou leite no copo e ele bebeu sem problemas. Todos ficaram maravilhados com a rápida melhora, tanto que a religiosa foi à cozinha para preparar um creme e Pedro Ângelo engoliu com facilidade.
O médico chegou de manhã e, ao ver o paciente curado, exclamou que era um milagre. A melhora foi progressiva e, dentro de 20 dias, Pedro Ângelo caminhava normalmente. No dia 6 de maio, recebeu alta do hospital porque a cura foi completa, permanente e sem sinais dos sintomas.
Pedro Ângelo morreu em 25 de setembro de 1976 devido a uma parada cardíaca, portanto, por uma causa completamente diferente de sua doença anterior e após vinte e cinco anos da sua recuperação milagrosa.
Madre Clélia Merloni
Clélia Cleópatra Merloni nasceu em Forli, na Itália, em 10 de março de 1861. À medida que ia crescendo sentia-se sempre mais atraída para a oração e à intimidade com Deus do que para a vida social da elite ou para administrar os negócios da família conforme seu pai teria desejado. Clélia compreendeu desde cedo que seguir os passos de seu pai na condução do patrimônio familiar não era o que seu coração desejava. Mulher inteligente, dotada de muitas qualidades, respondeu com generosidade ao chamado de Deus, escolhendo consagrar-se totalmente a Deus na vida consagrada.
Em 30 de maio de 1894, fundou o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, colocando a serviço dos mais necessitados e marginalizados todo o seu potencial carismático, suas energias, seu zelo apostólico e a considerável herança deixada por seu pai.
Na virada do século XIX para o século XX, enviou as primeiras Apóstolas Missionárias para as Américas e a Congregação começou a se desenvolver também no exterior, naturalmente não sem muitas dificuldades que sempre acompanham os desígnios de Deus para aqueles que se deixam amar e guiar pela sua Misericórdia.
O objetivo da vida de Madre Clélia era a Santidade: “Quero ser santa!”. Para cumprir plena e totalmente a vontade de Deus, desejava isto para todas as suas filhas de religião.
Fundar o Instituto era responder ao projeto de Deus e conduzi-lo segundo o Coração de Deus. Isto significou para Madre Clélia tempos de purificação, já que teve que enfrentar provas difíceis, profundas humilhações, dores físicas, morais e espirituais. Tudo acolheu e aceitou com amor e por amor àquele Coração a quem ela doou toda a sua existência. Sua vida consumou-se na plena doação, nos sacrifícios diários, alimentados pela humildade e capacidade de perdão, sobretudo para com aqueles que voluntária ou involuntariamente colocaram grandes obstáculos no seu caminho.
Madre Clélia morreu em Roma em 21 de novembro de 1930. Seu corpo depois de ser exumado em 1945 e encontrado incorrupto, agora repousa na Capela da Casa Geral das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, em Roma.
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