A divulgação ocorreu a partir da tese de Doutorado da Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani que visou compreender e investigar a expansão escolar no estado
No mês de maio, a coordenadora do curso de Pedagogia do UNISAGRADO Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani publicou o livro “A expansão das escolas isoladas pelo estado de São Paulo (1917-1945)”, resultado de sua tese de doutorado. A temática se insere no campo de história da educação e se alinha ao propósito de compreender o modo com que historicamente a escolarização alcançou as crianças que moravam no interior paulista. Confira o estudo clicando aqui! A docente do UNISAGRADO conversou com a equipe de Comunicação a respeito da publicação do livro, bem como da temática desenvolvida - confira abaixo a entrevista:
UNISAGRADO: Por que você decidiu pesquisar sobre o tema?
Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani: A temática decorreu de investigação acerca da história das escolas primárias em São Paulo a qual me permitiu constatar que no campo da história da educação, havia muitas pesquisas que abordavam os grupos escolares e poucas que olhavam para as escolas isoladas. Os grupos escolares foram criados a partir de 1893 e concretizavam os anseios dos administradores em matérias de educação: ensino graduado, divisão classe-série, conteúdos de ensino, calendário escolar e outras orientações que se alinhavam ao que era denominado de modernidade pedagógica para o momento. Não a toda, os prédios dos grupos escolares eram suntuosos e até os dias atuais enfeitam as regiões centrais dos municípios do interior paulista. Por outro lado, as escolas isoladas eram multisseriadas, funcionavam em locais inadequados e em condições bastante precárias – prioritariamente nos bairros e nas zonas rurais. Apesar das diferenças estruturais e simbólicas entre o grupo escolar e a escola isolada, ambas as instituições ensinaram e ofereceram escolarização primária para as crianças ao longo do século XX. Meu interesse foi entender a atuação das escolas isoladas com a educação das crianças, articulando a expansão delas ao movimento de desenvolvimento econômico e demográfico do estado de São Paulo.
UNISAGRADO: Por que as escolas isoladas eram consideradas “inferiores” se comparada aos grupos escolares?
Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani: Elas eram vistas como inferiores aos grupos escolares por estarem associadas pedagogicamente a um modelo de escola considerado inadequado de acordo com os valores defendidos no começo do século XX, e por estarem localizadas em espaços considerados atrasados para uma sociedade que superestimava a vida na zona urbana e condenava a vida nas zonas rurais. Assim, a diferença que marcava as escolas isoladas se amparava em questões pedagógicas e geográficas.
UNISAGRADO: Atualmente, como você acredita que as diferenças socioculturais no ensino possam ser combatidas?
Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani: As diferenças socioculturais só podem ser amenizadas pela escola. A função de socializar os estudantes deve incorporar a tentativa de oferecer a todos e a cada um as possibilidades de acesso ao conhecimento historicamente acumulado. Essas tarefas socializadora e democrática se cumprem com uma escola organizada para pertencer a todos. Por essa razão, as escolas precisam ter currículos mais comprometidos com o atendimento das demandas locais e precisam ser mais robustos e vinculados à sociedade e à diminuição das desigualdades sociais.
UNISAGRADO: Qual a importância da publicação do e-book?
Prof.ª Dra. Angélica Pall Oriani: A publicação de um e-book permite o alcance de um público mais variado e disperso geograficamente. Atualmente, o acesso às informações tem sido otimizado pelas ferramentas digitais e o desenvolvimento de pesquisas científicas tem sido bastante impactado por elas, pois conseguimos acessar e consultar trabalhos e materiais com qualidade independentemente de onde nos situamos. A esse respeito, vale destacar que os debates sobre a disponibilização de dados e sobre a ciência aberta são muito fecundos. Assim como é fértil a análise criteriosa sobre a qualidade dos materiais que estão sendo disponibilizados na Internet, e o desenvolvimento de estratégias e ferramentas para separar os resultados da "boa ciência" e da "má ciência".
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